O século XX foi repleto de tranformações e acontecimentos marcantes e a moda não poderia ficar de fora. Surgiram grandes estilistas e com eles suas criações, porém este blog focará em apenas um deles, Paul Poiret. Mostraremos também as mudanças ocorridas por causa da Primeira Guerra Mundial e a influência da moda nesse período, principalmente na moda feminina.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Estudo da Década

A moda é mais importante do que simplesmente ser fashion, ela é na verdade reflexo do que vivemos, pensamos, sentimos e vemos. Esta começa no momento em que há vontade de usar algo novo como uma roupa, um calçado ou um acessório. A mesma aparece quando as necessidades das pessoas estabelecem algumas adaptações ou mudança total, e isso inclui as mudanças que ocorrem na política, na economia e na sociedade, as quais podem influenciar a moda tanto de maneira positiva como de maneira negativa. Na Década de X que fica entre 1910 a 1919, ocorreram várias mudanças tanto na moda quanto na arte, na política, etc., foi um período de transição que marcou muito a sociedade da época e influencia até nos dias atuais. Na década anterior as mulheres usavam vestidos glamourosos, contudo desconfortáveis e espartilho, sendo este último um meio de deixar a mulher com a silhueta em S. Na Década de X houve uma mudança no vestuário, as mulheres foram libertadas do espartilho e passaram a usar uma silhueta mais solta, mais confortável, graças a um costureiro revolucionário que pensou no conforto e praticidade para elas, mas não esquecendo dos homens e das crianças. Esse costureiro entrará para a história da moda e das artes com suas atitudes revolucionárias e seu empeendedorismo.
Seu nome é Paul Poiret, um costureiro que surge na Década de X para revolucionar a moda desse período. Filho de comerciante de tecidos, deu seus primeiros passos no mundo da moda no ateliê de um fabricante de guarda-chuvas, onde desenhava esboços de roupas femininas nas horas vagas.Trabalhou com alta costura no salão de Jacques Doucet e depois no atelie de Charles Worth. Mais tarde, em 1904, ele abriu seu próprio ateliê e lá criou uma variedade de roupas e acessórios para a sociedade parisiense da década. Entre suas criações estão os modelos com corte império, inspirado nas roupas grego-romanas, o look boêmio-chique, o chemisier, as calças harem(de odaliscas), os turbantes, o vestido em forma de T, a saia entravada e a saia abajur; criou também chapéus pomposos e bolsas. Não podemos deixar de citar que foi ele também o inventor do terno de três peças composto por colete, caça e paletó.
Visionário como era considerado, foi o primeiro a lançar uma marca de perfumes, cosméticos e objetos de decoração. Aliás um de seus perfumes levou o nome de sua primeira filha, Rosine. Paul era inquieto e criativo, além de roupas, também criou juntamente com Raoul Dufy uma variedade de novas estamparias, surgindo desde então tecidos novos, originais, bonitos e confortáveis, fatores que para ele eram primordiais, e estes tecidos passam a ser utilizados em roupas e decoração.
Como admirador e incentivador da arte moderna convida escritores, artistas, gráficos e maquetistas para se juntarem a ele e criarem uma oficina de artes decorativas, e assim foi feito. Esta oficina recebeu o nome de sua segunda filha, Martine. Posteriormente ele ajudou a fundar o Sindicato de Desefa da Alta Costura Francesa e com o início da Primeira Guerra Mundial, ele fechou seu ateliê e se alistou ao exército francês. Durante o período de guerra ele também foi muito criativo e inventou um novo modelo de farda mais prática e mais simples, a qual era mais fácil de fazer e gastava menos tempo e dinheiro para ser confeccionada, agradando e muito ao exército.
No período em que ocorreu a Guerra a sociedade parisiense sofreu várias mudanças tanto no âmbito econômico, quanto no âmbito político, no social e na moda, sendo esta última a mais importante para nós no momento. As pessoas não podiam mais ostentar, pelo contrário, elas precisavam economizar, a seda que era um tecido fino e caro foi levada para guerra, pois era um tecido muito resistente e serviria para fazer pára-quedas. Surge então a necessidade de produzir tecidos mais baratos tanto para produzir quanto para vender e então é criado o algodão, o brin, entre outros. É também nesse período que aparece uma nova necessidade.As mulheres que antes eram sustentadas pelos maridos percebem que precisam mudar a forma de pensar e agir, pois seus maridos estão na guerra e cabem a elas agora sustentarem suas famílias. Então elas assumem as funções de seus respectivos esposos e vão a luta. Mas para isso, elas precisam de roupas mais confortáveis, que lhes deixem mais soltas, com mais liberdade de movimento, e a partir desse momento as roupas são modificadas, o comprimento sobem até o tornozelo, e elas passam a usar as calças e as camisas dos esposos para trabalharem. Também vão em busca de conforto para os pés, usando sapatos de bicos mais arredondados e saltos mais baixos. Esse período fez a mulher enxergar que era mais forte do que pensava e que podiam ir muito mais além do que estavam acostumadas. Essa força, essa autonomia, essa liberdade, terá reflexo nas próximas décadas, sempre cada vez mais intensa e mais expressiva.
Após o término da guerra, Paul Poiret retorna para Paris, reabre seu ateliê e volta a trabalhar, mas ele já não tinha o mesmo glamour de antes. Ele até tenta reverter essa situação criando uma coleção de bolsas, mas as mulheres já estão encantadas com novas estilistas que surgiram durante a guerra, inclusive Chanel que chegará para revolucionar a década seguinte. As mulheres voltam a se vestir de forma elegante, alegre, bonita, mas sem perder o que já haviam conquistado.
Vale ressaltar que nesse período foi criado o primeiro soutien por Mary Phelps e o primeiro tênis.

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